(☞ﾟ∀ﾟ)☞ RPG

O que mais Seth odiava na vida era se sentir vulnerável, e, por mais que não quisesse, naquele momento sentia-se um completo inútil ao ter a visão bloqueada pela ardência provocada pelo spray. Nada mais fazia do que gritar de ira e esfregar os olhos, ações completamente inúteis em vários sentidos, mesmo que não pudéssemos esperar uma solução brilhante proveniente da mente nada racional do alemão. Maldito baixinho, como se não bastasse desobedecer a suas ordens como brinquedinho, ainda tinha a audácia de atacá-lo dessa forma; ele não sabia onde estava se metendo, e Seth arrumaria um bom jeito de puni-lo a qualquer hora.

Ouviu uma vez que o efeito de tal produto durava cerca de alguns minutos, mas não duvidaria que, pela intensidade da ardência que sentia, aquela merda duraria um pouco mais do que o previsto. Seth tentava regular a respiração, entretanto, cada vez mais o simples ato se tornava difícil pela tosse constante que era provocada pelo produto e pela fumaça que começava a invadir o local.
- Mas que porra... – Rangia os dentes enquanto lacrimejava, descontando sua raiva com socos no chão e no vidro do aquário, nem ao menos ligando para a situação dos animais ou a própria se aquele material de despedaçasse. Ao sentir uma presença estranha ao seu lado, mesmo sem saber de quem se tratava, tateou rapidamente cada centímetro que alcançava deste (¬u¬) até subir o suficiente para tocar em um material gélido e pontudo – que, por sinal, reconheceu muito bem logo de primeira.

Entreabriu os lábios somente para soltar um rosnado leve, sentido um frio na espinha ao tocar no cano da metralhadora, instantaneamente notando que precisaria ter calma se não quisesse bater as botas naquele exato momento. Certo, estava mais do que fodido, e na sua imaginação aqueles filhos da puta estavam fazendo um complô para matá-lo. - Vai me matar, seu maldito? Acho melhor fazer isso rápido então, ou me ajudar e conseguir um bom aliado. – Espremia os olhos o máximo que podia, soltando uma única risada cínica e nervosa, ao mesmo tempo em que se apoiando nas laterais do aquário com a intenção de conseguir ao menos levantar-se direito. Não enxergava absolutamente nada, mas conseguia supor que, pelas vozes cada vez mais distantes de si, os malditos haviam arrumado um jeito de sair daquele lugar - ao menos uma vez na vida precisava ser “racional”, talvez a vontade de se vingar dos demais afetava positivamente suas ações naquele momento.

Sou Elektra.- Disse ela, pensando em como curiosamente tal pseudônimo parecia ridículo agora que já não importava se sabiam seu nome ou não. Se lembrou do dia em que Christian tentou lhe convencer de que seu nome de nascença era bonito e possuía um significado nobre, mas a ruiva insistiu em ser chamada como a pleiade grega. Agora, "Meredith" não parecia tão ruim. Esperou alguns segundos, pensando duas vezes se devia ou não corrigir sua afirmativa. -..ou Meredith. Me chame do que achar melhor, tanto faz mesmo.- Disse, pensando no fato de que se Prudence e Cameron já tinham conhecimento de seu nome, provavelmente o deixariam escapar em algum momento e não teria saco para perguntas. Levou seu olhar para o ombro de Silas, finalmente percebendo o tiro que ele havia levado. Fez uma careta, praticamente sentindo em si a dor que ele com certeza estaria sentindo naquele momento. Estava realmente feio, o local. Viu todos saindo do aquário e suspirou, se levantando e olhando para o jovem, posteriormente estendendo sua mão livre para que ele se levantasse também. Os dois em pé,  seguiu os indivíduos do local para fora, com uma relativa pressa para finalmente respirar ar fresco. No segundo em que seus pulmões foram preenchidos com o ar frio porém puro do lado de fora, num lugar sem corpos, fogo ou entulho queimado, não pode deixar de sorrir, expressão esta que sumiu num piscar de olhos quando um embrulho no estômago atingiu a ruiva. Alguns minutos se passaram até que o grupo ficasse completamente invisível aos olhos da mídia e da polícia, porém o estado de todos ali era preocupante. Até mesmo Meredith estava sentindo frio, quem diria por exemplo Prudence, que mesmo estando afastada, a ruiva sabia que estava provavelmente congelando. Seus pés doíam, não pelos cortes, mas sim pelo fato de que seus saltos eram altos e desconfortáveis. Porém, não tinha a intenção de tirá-los, não podia correr mais risco de pegar uma doença por meio dos ferimentos em seus pés. Quando teve visão do motel, seu estômago já parecia acomodar uma serra elétrica e não pôde se segurar, correndo em direção ao mato mais próximo para vomitar o pouco que havia comido naquele dia. A possibilidade de não voltar ao East Pallace por um bom tempo dava à ela uma enorme vontade de chorar até seu estoque de lágrimas acabar.

Viu que o grupo havia parado em frente ao estabelecimento e se aproximou, após limpar a boca no próprio vestido. Já não importava aquele pedaço de tecido. - Eu vou pegar um quarto. É melhor que em cada um fique uns quatro de nós, para caso algo aconteça. Só não sejam estúpidos o bastante para mandar alguém acabado demais para pedir os outros. - Disse, com o rosto inexpressivo e a voz ligeiramente baixa por culpa do cansaço. Estava prestes a entrar no lugar quando se lembrou da "fodendo" lontra em seu colo. Olhou para o grupo, procurando seu conhecido mais próximo. Conseguiu reconhecer Cameron e Prudence próximos um do outro. Como estava ligeiramente irritada com o rapaz, andou até a loira e colocou o animal em seu colo sem dar brecha para que ela protestasse. - Segura a lontra.- Ordenou, se afastando rapidamente para que entrasse no local. Olhou para o vendedor com o sorriso mais simpático que conseguiu, provavelmente parecendo que era uma fênix que acabara de ressurgir das cinzas de tão acabada que estava.  Pediu um quarto, imaginando se finalmente teria a chance de se enfiar numa banheira ou num chuveiro e talvez acordar de tudo aquilo que clamava por ser um sonho.

Prudence G. Great
Prudence não podia se sentir mais lixo. Estava cansada, fedida, desarrumada, congelada e semi-nua, andando com um bando de fugitivos numa rodovia. O frio lhe trazia espasmos, a única coisa que conseguia fazer era esfregar os próprios braços para esquentar um pouco o sangue, numa tentativa de sentir seus pés de novo. Ah, nesse momento Thomas deveria estar dormindo, aquecido pelo calor de LA e mais alguns cobertores. “Foda-se”, pensou a loira, chutando uma pedra pequena em seu caminho. Caminhando em silêncio, quase gritou com a satisfação que ganhou quando avistou o hotel. Parecia vagabundo? Talvez, mas Prudence estava tão cansada que não viu nenhum defeito no momento, e provavelmente não veria.
Juntos, o bando de criminosos parou, numa discussão muda do que fariam agora. Surpreendentemente, para Prue, Meredith tomou a iniciativa e, além disso, quase jogou a lontra que lhe dera em seu colo. Ajeitou o bicho sonolento como se segurasse um bebê, analisando a ruiva com um olhar um pouco assustado. Deveria acompanhá-la mesmo estando acabada? E se lhe fizessem perguntas?
– Vou com você. – Decidiu, se virando por um momento e lançando um olhar de “me ajuda” para Sahara. Caminhou até o portão e se apoiou na espécie de guarita, esperando que o recepcionista lhe entregasse a chave. Nesse tempo, tentou ao máximo disfarçar que estava com uma lontra em seu colo, porém o atendente, mesmo por trás das grades, pareceu notar o bicho.
– Senhoritas, zoofilia não é permitida no hotel. –O timbre nasalado quase fez Prue rir, já imaginando que a moça estivesse com uma lixa na mão, ajeitando suas unhas de bicha má. Direcionando seus pensamentos para algo decente, Prudence teve uma ideia imbecil, mas que poderia funcionar.
– Esse é... O Whisky, um vibrador... – suas palavras saíam em um tom não muito confiante, mas ainda sim convincente – ... que é exclusivo, feito por uma empresa especialista em pessoas com ‘outros desejos’. – Deu uma risadinha maliciosa ao final da frase, agora segurando a pobre lontra com uma mão. Por sorte, o bicho parecia tão cansado quanto Meredith, então estava um pouco molengo e quieto. Passou-se alguns minutos, a pessoa do lado de dentro da cabine parecia muda, mas oras, ela já deve ter visto de tudo, não? Por fim, nada mais falou e somente entregou as chaves da suíte 01 para Meredith, em seguida fechando a janela do guichê lentamente.
– Acho que fui bem. – A loira comentou, num tom debochado. O portão se abriu por um momento, para que Meredith, Prudence e mais as acompanhantes que iriam ficar no mesmo quarto entrassem.
Abel Bonfils C.
Abel foi carregado por uma milha. Claro que não reclamava, afinal, essas pessoas podiam muito bem jogá-lo numa vala para se livrar do peso morto; Uma sorte que alguns ali eram amigos de prisão e impediram que isso ocorresse. Durante o trajeto, observava minuciosamente a lontra no colo da ruiva, soltando vez ou outra grunhidos esquisitos. O medo do bicho sempre esteve presente em sua vida, algo um pouco irracional se analisar a piromania do criminoso. Agradeceu mentalmente por terem chegado num hotel, queria realmente se debater no portão deste para poder entrar e deitar numa cama (de preferência com uma prostituta em cima), mas seguir um plano era mais lógico e eficiente. De imediato, olhou para Sahara numa tentativa de pedir a ruiva para ficar num quarto com ele, e provavelmente terem uma noite de diversão jogando truco, mas a loira do grupo já a chamara. Como outra opção, não menos importante, olhou para Isaac, um pouco distante de si, esperando que este lhe chamasse para ir com ele; Como numa sala de aula, onde os amigos se encaram para fazer trabalhos em grupo, porém nesta situação a sobrevivência é o teste dado pelo professor Destino Filho da Puta.