Abel BonfilsEstava tão impecável no terno azul peróleo que mal se reconheceu no espelho do hotel do qual se hospedou. A cidade da festa era muito longe de seu apartamento em Dallas, e isso até o desanimaria de vir a festa, se não fosse o
detalhe no convite. Estavam o convidando formalmente para um crime. Oras, se queriam tanto assim que o homem viesse à festa, tudo bem; compareceu. Cabelo penteado, pescoço e pulsos cobertos por uma essência masculina, gravata preta apertada, sapatos engraxados. Estava lindo pra cacete, se me permitem. Nunca se arrumou tão bem em toda sua vida.
Quando adentrou o salão, quase surtou. Tinha tanta coisa cara a sua mercê, pedindo para serem roubadas... Observou com cuidado as estatuetas, pinturas e objetos finos que compunham o ambiente, já os imaginando em seu apartamento. Aquilo ficaria muito bem em cima de seu carpete. Se pegou várias vezes tocando com as pontas dos dedos as obras primas. Não era uma pessoa materialista, mas as coisas chamaram sua atenção. Depois de minutos admirando a tudo com uma expressão neutra, voltou ao seu estado de consciência.
Abel até poderia parecer um lorde, se não fosse... Bem, ele mesmo. Apesar da aparência estar nos padrões, seu comportamento nunca foi do melhor. Com uma taça do delicioso vinho tinto que serviam, ele estava caminhando pela festa, vez ou outra roubando uma das belas damas que estavam pelo salão de seus parceiros para dançar. Dava alguns passos com elas ao som da música clássica, beijava seus lábios e as devolvia. Ah, também roubava taças alheias a cada vez que a em suas mãos estava acabando. Uma troca rápida, sem chamar tanta atenção.
Tomou cerca de três taças e se assentou na mesa do canto, para esperar qualquer coisa. Estava cansado de zanzar pelo salão, e seu objetivo era confuso. Tinha um mínimo de esperanças de encontrar o remetente da carta para saber qual era seu objetivo neste baile. Roubar? Matar? Sequestrar? Torturar? Nada fora especificado. De um minuto para o outro, passou da calma para a irritação. Seria mesmo verdade esse convite? Não conhecia o anfitrião, nem ninguém ali. Ficou tentado a tirar sua máscara vermelha, joga-la no lixo e ir embora. Seja lá o que fosse acontecer nesse baile, Abel torcia para que acontecesse rápido. Estava ficando entediado, a música clássica estalava em sua cabeça e a bebida não o deixava bêbado. "
Para que beber, se não vou ficar tonto?" Pensou. A taça, agora vazia, foi posta sobre a mesa e o homem levantou-se, indo em direção ao banheiro. Sentia sua máscara bamba e a gravata solta.
Passou pela porta e chegou ao banheiro. Grande, polido e principalmente branco. "
Ricos tem uma grande paixão por branco, só pode." Revirou os olhos, indo para perto da bancada, onde se localizava o espelho e a pia. Conseguiu puxar a máscara de seu rosto pelo nó ter sido praticamente desfeito, e a gravata foi desamarrada. Colocou o objeto vermelho e chamativo na bancada para poder ter uma mobilidade melhor. Agora, começou a guerra: Como amarrar a gravata. Havia pesquisado no google um nó, e foi seguindo instruções. Depois de dez minutos, comemorou a vitória com um "Yea!" bem alto. Agora seria a vez da máscara. As plumas não ajudavam em nada, e amarrar aquilo estava sendo difícil sem que entrasse algo em seu olho. Se arrumar não é tão simples assim para Abel.
Máscara<
Prudence G. GreatSer formal não é algo de sua natureza. Em primeiro lugar, assim que recebeu o convite, queria o jogar no lixo. Mesmo que ser convidada a participar de um crime por uma carta é raro hoje em dia, não queria ir. Era um Baile de Máscaras formal. Os Greats não combinam com isso, pelo menos os da geração atual. O que a convenceu a ir foi a insistência de sua mãe. Ela deu tantos motivos, que desde "É uma bela oportunidade." até "Você pode encontrar algum amor!" foi citado. Arrumou uma bolsa de viagem e embarcou no primeiro vôo para chegar na maldita cidade. Cerca de quarto horas sentada numa poltrona confortável fez bem para ela, já que foi fazendo suas unhas, que estavam uma merda, e descansando um pouco para suas olheiras sumirem (Maldita maratona de House às 2 da manhã).
Agora, para se arrumar, também não foi nada fácil. Tudo o que trouxera foi dinheiro e dois ou três conjuntos. Esquecera o vestido na lavanderia. Depois de contar até o número 549, saiu do hotel e andou a cidade inteira até achar algum vestido que coubesse em si. Era branco, e sua parte de baixo era longa e levemente cheia, nada com que a tornasse um bolo de casamento. Calçou um salto meia pata preto, passou um rímel nos olhos e pó na cara, e partiu para a festa. No caminho, foi penteando seu cabelo e passando batom, aproveitando que estava de táxi para fazer as tarefas livremente.
Assim que pôs o pé para fora do taxi, recebeu alguns olhares de convidados que estavam do lado de fora. Ora, qual o problema de vir de Ford ao invés de Ferrari? Ignorou a todos e entrou no salão. A boca se abriu imediatamente, demorando para fechar. A cada passo a vontade de se esgueirar pela casa aumentava. Queria tocar a tudo, enfiar tudo em seu decote
(Já que mal tem coisa lá né akjsd) e sair correndo. O lustre brilhava de tão perfeito. Os objetos eram finos, de artistas renomados. As taças de cristal passeavam pelo salão nas bandejas de prata dos garçons. E Prudence pirava.
Depois do
heavybreathing transe, foi explorar a residência. Pegou uma taça de vinho branco que lhe foi servida e caminhou tranquilamente até o salão de jogos. Centenas de máquinas estavam ali, comendo o dinheiro de ricos burros e que não sabiam mexer numa dessas. Prudence sabia como ganhar, aprendeu tudo com... É. Ela. Grunhiu baixo, lembrando daquele péssimo dia que já se passou faz anos, e virou o copo em sua boca. O vinho estava ruim, odiava o Branco. Sorriu, se sentindo por um momento alguém incrivelmente azarada. Com sua belíssima educação, deixou o copo em cima de uma máquina qualquer e seguiu andando pelo lugar, observando a tudo e a todos, com a mão segurando o cabo decorado de seu 'disfarce' em frente ao rosto, escondendo-se atrás da máscara que só deixava seus olhos e lábios escaparem.
Máscara<